Jugo suave
Os rabinos são intérpretes da Lei. Sua ocupação é discernir como viver a vontade de Deus expressa na Lei. Por esta razão têm autoridade para proibir e permitir, dizer o que pode e deve ser feito para que a Lei seja cumprida e que não pode e não deve ser feito para que a Lei seja abolida. O conjunto de permissões e proibições de um rabino consistia no “jugo do rabino”. Todo rabino tem um jugo, que seus discípulos assumem como a melhor maneira de cumprir a Lei. Todo rabino ensina sob o jugo de outro rabino. Até que apareça algum rabino que afirme ter seu próprio jugo, independentemente do jugo dos rabinos mais antigos. Para ganhar autoridade de ter seu próprio jugo, o novo rabino deve ser autorizado por pelo menos dois rabinos reconhecidos pela comunidade de rabinos. Quando um novo rabino ganha autorização para ter seu próprio jugo, é dito que ele ganhou as chaves do reino, e agora está apto para permitir e proibir, isto é, dizer o que deve e o que não deve, o que pode e o que não pode ser feito por quem deseja cumprir a Lei.
Jesus entrou em cena sob o testemunho de João Batista, e sobre ele se materializou o Espírito Santo na forma corpórea de uma pomba, seguida da voz dos céus: “Este é meu Filho amado, ouçam o que ele diz”. Dessa maneira, Jesus recebeu autorização de duas fontes de autoridade para ter seu próprio jugo, isto é, recebeu as chaves do reino, e desde então passou a ensinar dizendo: “Ouvistes o que foi dito, eu, porém, vos digo”. Convidava pessoas para que se submetessem ao seu conjunto de permissões e proibições dizendo: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve”. Ao final de seu ministério terreno disse a Pedro, que representava a igreja, a comunidade dos discípulos de Jesus: “Dou a vocês as chaves do reino”, e assim transferiu à sua igreja a autoridade para ligar e desligar, proibir e permitir.
Os apóstolos compreenderam isso e utilizaram essa prerrogativa em Atos 15, quando decidiram aliviar o jugo que pesava sobre os ombros dos novos cristãos, decidindo que estavam livres de cumprir a Lei de Moisés, devendo observar apenas três ou quatro regras. Em 1Coríntios 7 o apóstolo Paulo também usou “as chaves do reino” para legislar a respeito do divórcio. No tempo de Jesus os rabinos que seguiam Hilel acreditavam que se podia divorciar por qualquer motivo, enquanto os discípulos de Shamai admitiam o divórcio somente em caso de imoralidade sexual. Jesus concordou com Shamai. Mas o apóstolo Paulo acrescentou mais um motivo legítimo para o divórcio: o abandono pelo descrente por motivo da fé de seu cônjuge convertido.
As comunidades cristãs têm nas mãos as “chaves do reino”, isto é, têm o direito e o dever de avaliar o jugo que se deve impor aos discípulos cristãos em cada contexto sócio-cultural aonde chega o evangelho. Toda comunidade cristã deve ter a coragem de afirmar “pareceu bem a nós e ao Espírito Santo não lhes impor nada além das seguintes exigências...”. Tanto o moralismo legalista quanto a permissividade libertina causam mal às pessoas que pretendem viver de modo digno do Evangelho de Jesus Cristo.
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Para aprofundar sua reflexão, recomendo: Bell, Rob. Velvet Elvis. Zondervan.
Jesus entrou em cena sob o testemunho de João Batista, e sobre ele se materializou o Espírito Santo na forma corpórea de uma pomba, seguida da voz dos céus: “Este é meu Filho amado, ouçam o que ele diz”. Dessa maneira, Jesus recebeu autorização de duas fontes de autoridade para ter seu próprio jugo, isto é, recebeu as chaves do reino, e desde então passou a ensinar dizendo: “Ouvistes o que foi dito, eu, porém, vos digo”. Convidava pessoas para que se submetessem ao seu conjunto de permissões e proibições dizendo: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve”. Ao final de seu ministério terreno disse a Pedro, que representava a igreja, a comunidade dos discípulos de Jesus: “Dou a vocês as chaves do reino”, e assim transferiu à sua igreja a autoridade para ligar e desligar, proibir e permitir.
Os apóstolos compreenderam isso e utilizaram essa prerrogativa em Atos 15, quando decidiram aliviar o jugo que pesava sobre os ombros dos novos cristãos, decidindo que estavam livres de cumprir a Lei de Moisés, devendo observar apenas três ou quatro regras. Em 1Coríntios 7 o apóstolo Paulo também usou “as chaves do reino” para legislar a respeito do divórcio. No tempo de Jesus os rabinos que seguiam Hilel acreditavam que se podia divorciar por qualquer motivo, enquanto os discípulos de Shamai admitiam o divórcio somente em caso de imoralidade sexual. Jesus concordou com Shamai. Mas o apóstolo Paulo acrescentou mais um motivo legítimo para o divórcio: o abandono pelo descrente por motivo da fé de seu cônjuge convertido.
As comunidades cristãs têm nas mãos as “chaves do reino”, isto é, têm o direito e o dever de avaliar o jugo que se deve impor aos discípulos cristãos em cada contexto sócio-cultural aonde chega o evangelho. Toda comunidade cristã deve ter a coragem de afirmar “pareceu bem a nós e ao Espírito Santo não lhes impor nada além das seguintes exigências...”. Tanto o moralismo legalista quanto a permissividade libertina causam mal às pessoas que pretendem viver de modo digno do Evangelho de Jesus Cristo.
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Para aprofundar sua reflexão, recomendo: Bell, Rob. Velvet Elvis. Zondervan.
10 Comments:
Quando o jugo e passado de um ao outro, creio que também a autoridade para impor o jugo também passará. O que vemos agora é cada um inventar seu jugo e impo-lo ao outro. Cuidado gente...o que de graça recebestes, de graça dai...Fui...
Quem recebe o jugo de Cristo não consegue não passar este pois a experiência é real e vc quer que outros possam vivê-la também.
Mas o jugo de Cristo não dá sensação de controle e não exige certos "resultados" aí não tem graça, tem Graça e onde tem Graça a lei não tem graça.
Complementando, a Igreja deveria compreender melhor tempo em que vive hj assim como o Senhor Jesus e Paulo compreendiam o tempo em que viviam e agiam com bom senso.
Penso que as vezes fazemos leituras muito parciais do Evangelho. Ao invés de nos fixarmos na letra, é necessário entender o Espírito da coisa e aplicar ao nosso tempo.
Usos e costumes passam.
...e lá vêm os americanos de novo!
Abraço,
PC
A Igreja estaria certa em condenar Adolfo von Harnack's, Jon Sobrino's, Spinoza's da vida?
pr. eu gosto muito do que vc escreve. Vc permitiria que eu publicasse seu artigo no meu blog? eudeuseomundo.blogspot.com- é um blog simples para jovens e eu penso que este texto sobre o jugo iri abençoar a turma.
grande abraço
rodrigo
será que o "Jugo de Jesus" não é uma relevação do Espírito Santo para o indivíduo (que é o templo do Espírito) e não para a igreja (comunidade local)???
Será mesmo que a igreja tem o direito de impor exigências?
Tenho Vibrado o meu coração com este assunto, e outros como este, e sinto muita necessidade de leva-lo a evidencia em nosso meio evangélico, como os primeiros apostolos o fizeram com audacia do Espirito Santo, e o fariam hoje em nosso meio. A igreja tem apresentado um jugo dizendo ser de Cristo e exigido, ela mesma, resultados que deveriam ser fruto do conhecimento da verdade. Tenho visto que a igreja tem gasto energia em exigências, em vez de se empenhar no ensino, lembrando que o conhecimento da verdade é que deve transformar o homem. Tem se perdido de vista a necessidade de promover e influenciar desenvolvimento espiritual, pessoal, no relacionamento cotidiano, e aí sim, usando da autoridade e direito passado por Cristo em seu jugo, para, começando pelo ensino, e não pela exigencia, uma demonstração de como viver em Cristo nos dias de hoje, e se necessário com advertência, admoestação ou repreensão com todo amor e longaminidade. Tenho visto nossas igrejas diciplinarem com base em tradição, na repetição do que ja foi aplicado a outros anteriormente, e muitas vezes com preocupação no julgamento do mundo, da sociedade, (...O que os outros vão dizer da igreja?) e não em como o próprio Jesus Julgaria o caso.
Pr Ed, dei muitas glórias a Deus por sua vida quando ouvi a mensagem gravada na Convenção B.de S.Paulo (sua versão do menino sorveteiro), e quando descobri, agora, o seu blog. Senti como se sentisse sua agonia, preocupação pela igreja, e ou represália (o que tenho eu sentido). Informaçõs de conhecimento histórico que tenho aprendido em suas mensagens, como a relação do jugo de Cristo com as regras do jugo dos rabinos, que eu não sabia, tem me aberto um leque de visão, e tem me feito mais convicto do que tenho afirmado em meu convívio, aprtir de minha própria familia. Pensando nisto também abri um blog, (wesleyomota.blogspot.com) mas vinha muito constrangido em levá-lo a frente por ser um leigo, em formação teológica, mas tenho cada dia desenvolvido coragem, e penso em me espelhar, primeiro em Cristo, depois nos profetas antigo e nos de hoje, como voce.
Agradeço a Deus pela sua vida.
Pr.Ed Rene,gostou bastante da forma que o sr reflete a vida cristã,igreja e tudo mais.gostaria também de saber se posso usar os seus artigos para edificar as pessoas de minha igreja.Um abraço.Rocinio
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